Idosa sentada em sofá recebendo apoio carinhoso de familiar em sala clara e aconchegante

No meu dia a dia como médica de família e comunidade, atendendo adultos e idosos, percebo que a ansiedade é uma das questões mais delicadas que envolvem a saúde mental nessa fase da vida. Observar como o tempo transforma o corpo e a mente é parte do processo natural, mas muitas vezes esse processo é acompanhado por sentimentos confusos, muitas dúvidas silenciosas e, infelizmente, uma ansiedade que pode comprometer a qualidade de vida. Quero compartilhar minhas reflexões, experiências de consultório com pacientes idosos e algumas estratégias práticas para ajudar a lidar com a ansiedade nesta fase.

Como a ansiedade se manifesta nos idosos?

Costumo perceber nos atendimentos que a ansiedade em idosos pode ter várias faces. Alguns chegam com queixas físicas como palpitação, falta de ar ou tremores. Outros falam sobre preocupações excessivas, geralmente ligadas à saúde, família, ou questões financeiras.

A preocupação pode pesar mais do que a idade.

Frequentemente, escuto relatos de insônia, medo de ficar doente ou de perder autonomia. Em outros casos, os sintomas são silenciosos: isolamento social, queda de interesse pelas atividades, ou maior irritabilidade. Um ponto que sempre destaco em consulta é que nem sempre a ansiedade aparece como nos jovens; ela costuma ser mais mascarada. Já atendi pessoas que tinham muitas dores sem causa médica clara, e, ao investigar, vimos que era ansiedade não reconhecida.

Por que a ansiedade costuma aumentar com o envelhecimento?

Durante meus atendimentos, noto que alguns fatores são comuns no aumento de ansiedade com o envelhecimento:

  • Mudanças de rotina com a aposentadoria ou perda de papéis sociais
  • Luto, seja de amigos ou familiares
  • Convivência com doenças crônicas, dores no corpo e limitação de movimentos
  • Medo da solidão ou de dependência
  • Insegurança financeira

Esses elementos criam um cenário propício para que a ansiedade se instale. O mais importante, em minha experiência, é compreender esses sentimentos sem julgamentos. Cada pessoa reage de um jeito e tem necessidades específicas. E por isso, o atendimento que proponho sempre envolve uma escuta ativa e uma avaliação holística, como explico em mais detalhes em cuidado humanizado.

Estratégias práticas para enfrentar a ansiedade em idosos

Parte fundamental do meu trabalho é construir com o paciente, e às vezes com a família, estratégias realistas e possíveis. Abaixo, indico algumas táticas que costumo sugerir, adaptando para cada caso:

1. Fortalecer a rede de apoio

A presença de familiares, amigos e até vizinhos pode ser um grande fator de proteção contra a ansiedade. Incentivar o convívio social, seja em grupos de idosos, atividades comunitárias ou até simples conversas ao telefone, faz diferença. Em situações em que o idoso se sente mais isolado, reforço a importância de pequenas conexões diárias.

2. Atividades físicas adaptadas

Muitos não sabem, mas movimentos leves e regulares, como caminhadas ou alongamentos, colaboram para a liberação de hormônios de bem-estar. Noto em meus pacientes que, ao incorporar alguma atividade física, mesmo que mínima, a ansiedade tende a diminuir. Sempre ajustando à capacidade de cada um, claro.

Idosos caminhando em parque com árvores ao fundo

Já acompanhei casos em que uma simples caminhada na praça mudou o ânimo do paciente.

3. Estimular atividades cognitivas e lazer

Atividades como leitura, jogos de tabuleiro, ou até aprender algo novo, ativam o cérebro e desviam o foco das preocupações. Vejo que o pensar pode ser um aliado. Os artigos sobre bem-estar explicam um pouco mais sobre isso.

4. Organizar a rotina e os ambientes

A previsibilidade ajuda muito. Orientar a criação de horários para acordar, alimentar-se e fazer atividades pode transmitir mais segurança ao idoso. Espaços organizados, com fácil acesso aos objetos do cotidiano, também reduzem a sensação de desamparo. Já vi como um simples quadro de anotações pode transformar a rotina.

5. Investir na escuta e compartilhamento de sentimentos

Escutar, de verdade, pode ser um dos maiores remédios. Muitas vezes, percebo que o idoso quer apenas ser ouvido. Conversas francas, onde sentimentos como medo, saudade ou insegurança possam ser compartilhados, ajudam a aliviar a ansiedade. Esse tempo dedicado à escuta faz parte do meu modelo de consulta, como proponho em cada atendimento, inspirado pelo cuidado integral que pratico junto aos pacientes.

6. Buscar acompanhamento médico e psicológico

Quando percebo que a ansiedade está afetando demais o dia a dia, recomendo avaliação especializada. Em muitos casos, um acompanhamento regular com médico de família permite identificar o momento de encaminhamento para psicoterapia ou outras abordagens. É fundamental não subestimar os sinais de sofrimento psíquico, pois tratamentos adequados podem mudar a realidade do idoso.

Idoso em sessão de terapia com terapeuta atenta

Fatores que potencializam a resposta às estratégias

Em minha experiência, alguns fatores ajudam no sucesso dessas estratégias:

  • Participação ativa do idoso no próprio cuidado.
  • Envolvimento da família ou de pessoas próximas.
  • Confiança no acompanhamento profissional, baseada em respeito e diálogo.
  • Flexibilidade para ajustar rotinas e abordagens ao longo do tempo.

Cada história é única e merece atenção personalizada. Escrevo mais sobre isso também no tema saúde do adulto, pois a individualização faz toda a diferença no tratamento.

Não há receita pronta; há escuta, acolhimento e respeito ao ritmo de cada um.

Quando procurar ajuda?

Se eu pudesse dar uma orientação objetiva, diria: busque ajuda quando a ansiedade começar a limitar o cotidiano ou trazer sofrimento. Isso pode se refletir em perda de prazer nas atividades, dificuldade para dormir, alteração no apetite, aumento do isolamento ou pensamentos negativos recorrentes. O primeiro passo é conversar com um profissional capacitado. Revisito esse tema em diversos momentos dos meus atendimentos, e há exemplos concretos em relatos de superação.

Os atendimentos humanizados que proponho têm duração de 1h30, justamente para garantir tempo e espaço para conversas tranquilas, sem pressa. Nunca é tarde para buscar formas de sentir-se acolhido e cuidar da mente. Os detalhes práticos desse processo, incluindo como funcionam as consultas e pagamentos, você pode conferir em dicas para agendar atendimento.

Conclusão

Como médica, vejo que cuidar da saúde mental dos idosos é um processo feito de escuta, respeito, ciência e coração. A ansiedade pode aparecer, mas existem caminhos para amenizar o sofrimento e devolver leveza aos dias. Cada história que acompanho reforça minha crença de que ninguém precisa enfrentar essa fase sozinho. Se você conhece alguém que está passando por esse desafio, ou se identificou com algum ponto desse artigo, fica o convite: agende uma consulta comigo, Dra Melissa Hissami Simão, e sinta-se acolhido para construir um novo olhar para a saúde e qualidade de vida. Pois saúde, para mim, é olhar para o todo com carinho e respeito, sempre.

Perguntas frequentes sobre ansiedade em idosos

O que é ansiedade em idosos?

A ansiedade em idosos é um estado emocional de preocupação ou medo excessivo que pode afetar tanto o corpo quanto a mente, especialmente durante o envelhecimento. Pode se manifestar de várias formas, desde sintomas físicos até inquietação emocional, sendo diferente em cada pessoa.

Quais os sintomas mais comuns?

Os sintomas mais comuns incluem insônia, sensação de aperto no peito, irritabilidade, inquietação, tremores, preocupação exagerada, dor de cabeça, alterações no apetite, e em alguns casos, isolamento social. Dores físicas sem explicação médica também podem estar presentes.

Como posso ajudar um idoso ansioso?

Você pode ajudar ouvindo com atenção, incentivando o convívio social, apoiando em atividades prazerosas e físicas, oferecendo companhia nas tarefas do dia e facilitando o acesso ao atendimento profissional. Pequenos gestos de acolhimento fazem muita diferença.

Quais tratamentos são indicados?

O tratamento pode envolver acompanhamento médico, psicoterapia, práticas de relaxamento, organização da rotina e, em alguns casos, uso de medicações. O ponto mais importante é a abordagem individualizada, alinhada entre paciente e profissional, como faço no meu trabalho.

Onde buscar apoio psicológico gratuito?

O idoso pode buscar apoio psicológico gratuito em unidades básicas de saúde, centros de referência de assistência social (CRAS), grupos de apoio em associações, igrejas e iniciativas comunitárias locais. O importante é iniciar a busca pelo serviço de saúde mais próximo para orientações.

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